Quem foi Tony Tornado e por que ele ainda faz barulho?

Se você curte música dos anos 70, já deve ter ouvido "O Bêbado e a Equilibrista" no fundo de alguma festa ou rádio. Mas quem canta aquela voz rouca e cheia de energia? É Tony Tornado, um dos primeiros a misturar soul e funk no Brasil. Nasceu como José Rosa, mas adotou o nome artístico que vira referência no cenário musical da época.

Ele chegou ao público num momento em que o país ainda engatinhava no rock e no soul internacional. Enquanto a maioria cantava samba e bossa, Tony trouxe um som que lembrava James Brown, mas com letra em português e temáticas bem brasileiras. O resultado foi um estilo que atraiu jovens de todas as classes e ainda influencia artistas hoje.

Início de carreira: dos bailes ao sucesso nacional

Nos anos 60, Tony ainda era garoto de rua, vendendo cocos na praia e cantando improvisado nos bailes de bairro. Foi em 1968 que conseguiu gravar seu primeiro single, "Tudo Vai Dar Certo", que virou hit nas discotecas do Rio. O single recebeu muita rotação nas rádios FM, que na época começavam a abrir espaço para sons mais ousados.

O grande salto veio em 1972 com "Meu Nome é Tony", que ganhou o primeiro lugar no programa "Jóia da Canção". A música virou trilha sonora de novelas e solidificou o nome de Tony Tornado no imaginário popular. A partir daí, ele assinou contrato com a gravadora Polydor e começou a lançar discos que misturavam soul, funk, e até um toque de psicodelia.

Os maiores sucessos e o legado

Entre os hits que marcaram a década, destaca‑se "Vida de Independente", que ainda hoje é lembrada nos playlists de funk clássico. Outro marco foi a parceria com a cantora Rosa Lúcia no dueto "Amor de Rua", que fez as manchetes das revistas de música. Tony também participou de trilhas de filmes de mau humor, como "O Estranho Mundo de Jack" (versão brasileira).

Além das gravações, Tony era conhecido por shows animados, cheios de coreografias e interação com o público. Ele introduziu o conceito de "show de pista", onde a plateia dançava no meio do palco – uma inovação que hoje é padrão em shows de funk e pop.

Nos anos 80, com a chegada do rock nacional, Tony perdeu um pouco de visibilidade, mas nunca abandonou a música. Continuou gravando discos independentes, fazendo shows em casas de show pequenas e apoiando novos talentos. Seu último álbum, "Última Vez", chegou em 1995 e recebeu elogios de críticos que destacaram a maturidade nas composições.

Hoje, Tony Tornado está aposentado, mas sua influência ainda aparece em artistas como Djavan, Lulu Santos e até no rap brasileiro que usa samples de suas batidas. A internet trouxe um renascimento inesperado: playlists de "Soul Brasil" dão espaço para suas faixas, e jovens redescobrem a energia de um som que era, na época, “fora do padrão”.

Se ainda não conhece a obra de Tony Tornado, vale a pena dar o play nas músicas "Vivendo na Rua", "Paz na Cidade" e "Saudade de Você". Elas mostram como um artista pode transformar o cenário musical sem perder sua identidade. E aí, pronto para curtir um som que ainda faz história?