
Tony Tornado: talento pioneiro e a dura realidade da representatividade
O nome Tony Tornado atravessa décadas da cultura brasileira. Aos 94 anos, ele segue levantando debates fundamentais sobre racismo e acesso no entretenimento. Em uma conversa marcante no Fantástico, ao lado de Antônio Pitanga e Zezé Motta, o ator lembrou de onde veio e deixou claro: as portas nem sempre estiveram abertas para artistas negros como ele.
Durante a entrevista guiada por Maju Coutinho, Tony foi direto ao ponto ao falar sobre o mercado de trabalho na televisão. Ele afirmou que a diferença entre atores negros e brancos não está no talento, mas sim no acesso às oportunidades. "Tem que dar oportunidade. Me deram oportunidade!", reforçou. O recado foi claro: poucas vezes artistas negros puderam realmente mostrar tudo o que têm para oferecer. Cada papel conquistado é resultado de muito esforço e resistência.
Trajetória de quem nunca se rendeu
O jeito como Tony começou sua carreira revela muito sobre a persistência que marcou sua história. Aos 12 anos, ele já subia em palcos como palhaço. Mais tarde, na efervescente cena cultural carioca, solidificou o talento que o tornaria rosto e voz de várias gerações. Mas a arte não foi seu único desafio: em 1971, por questões políticas, Tony acabou sendo preso e forçado ao exílio. Passou um tempo em Cuba e na Rússia — experiências que marcaram não só seu olhar sobre o mundo, mas também o conteúdo de seu trabalho quando pôde retornar.
Mesmo depois de tantas batalhas, a energia de Tony impressiona. Em vez de pensar em se aposentar, ele brinca que seu melhor personagem ainda está por vir. Aos 94, se recusa a parar. Para quem acompanha sua trajetória, isso não é surpresa: Tornado sempre insistiu em ocupar todos os espaços onde pudesse provocar reflexões e ampliar a voz dos artistas negros.
Entre tantas histórias, uma mensagem se destaca: visibilidade na TV só vira realidade quando existe espaço real para diversidade. Tony Tornado é prova viva de que o talento nunca envelhece — e que a luta por igualdade no audiovisual brasileiro está longe de terminar.