Todo mundo já ouviu frases como "menino que nasce com sapatos de salto" ou "mulher não entende de tecnologia". Essas ideias simplificadas são os estereótipos de gênero, crenças que associam comportamentos, habilidades e papéis a homens ou mulheres sem base real. Eles aparecem nas conversas, na mídia, nas escolas e até nas empresas, influenciando decisões sem que a gente perceba.
Um exemplo clássico: ao escolher um brinquedo, muitas meninas recebem bonecas e os meninos, carrinhos. Essa divisão reforça a ideia de que cuidar de pessoas é coisa de mulher e que construir ou dirigir é coisa de homem. No trabalho, pesquisas mostram que mulheres continuam sub-representadas em áreas de exatas, enquanto homens são menos presentes em enfermagem ou educação infantil. Até na propaganda, produtos são embalados com cores “femininas” ou “masculinas", criando expectativas invisíveis.
Essas imagens moldam a autoconfiança. Uma garota que sempre vê anúncios de mulheres ocupando cargos de apoio pode achar que ser diretora é impossível. Um garoto que escuta que chorar é fraqueza pode evitar expressar emoções, gerando stress. O resultado é um ciclo: as pessoas se encaixam nas expectativas porque foram treinadas a acreditar que aquela é a única opção.
Primeiro passo: reconhecer. Quando você ouvir um comentário como "isso é coisa de homem", pare e pergunte por que. Muitas vezes, a pessoa nem percebe que está reproduzindo um mito. Depois, confronte de forma simples – "Na verdade, tem muita mulher que faz isso". Não precisa de discurso longo, só um contra‑exemplo que mostre a realidade.
Segundo, procure ambientes que valorizem a diversidade. Escolas que incentivam meninas a participar de robótica ou clubes de ciência, empresas com políticas de igualdade salarial e mídia que mostre papéis mistos ajudam a mudar a percepção. Se você tem influência, compartilhe histórias reais: entrevista uma mulher engenheira, mostre um homem cuidando de filhos.
Terceiro, eduque as novas gerações. Conversas em casa sobre sentimentos, escolhas de carreira e respeito ajudam crianças a entender que habilidades não têm gênero. Livros, filmes e jogos que escapam dos estereótipos reforçam essa ideia de forma lúdica.
Por último, lembre‑se de que mudar um padrão leva tempo, mas cada gesto conta. Quando você desafia um estereótipo, abre espaço para que outras pessoas façam o mesmo. Essa corrente cria um ambiente mais justo, onde cada um pode ser quem realmente é, sem rótulos limitantes.
Então, da próxima vez que ouvir "coisa de homem" ou "coisa de mulher", pergunte‑se quem ganha com essa divisão. Se a resposta for “ninguém”, é hora de mudar a conversa. O mundo fica melhor quando deixamos de lado esses rótulos e damos espaço para a diversidade de talentos e sentimentos.
Juiz Luís César de Paula Espíndola causou indignação ao dizer que 'mulheres são loucas por homens' durante sessão de um caso de assédio envolvendo menor. Espíndola já foi condenado por violência doméstica contra irmã e mãe em 2023, e suas declarações geraram críticas por perpetuar estereótipos e diminuir a gravidade do caso.