
Quando Magda Chambriard, diretora-executiva da Petrobras anunciou o Programa Petrobras Jovem Aprendiz 2025Brasil na última quinta‑feira, ficou claro que a empresa quer mais que preencher vagas: quer mudar a cara da inclusão social no país.
Contexto da Lei da Aprendizagem e a estratégia da Petrobras
A Lei da Aprendizagem (Lei nº 10.097/2000) obriga empresas com mais de 100 funcionários a contratar jovens entre 14 e 24 anos em regime de aprendizagem. O que a Petrobras está fazendo vai além do mínimo legal. Ela aproveita a oportunidade para avançar em metas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) que foram reforçadas nos últimos anos pelos órgãos reguladores e pelos acionistas.
O anúncio veio em 23 de setembro de 2025, mas as inscrições foram abertas apenas na segunda‑feira, 6 de outubro, e vão até o sábado, 12 de outubro, exclusivamente pelo portal da companhia. Essa janela curta cria um senso de urgência que costuma melhorar a taxa de respostas, principalmente entre jovens que vivem em áreas com acesso limitado à internet.
Detalhes das vagas de aprendiz e benefícios oferecidos
São mais de 700 vagas, distribuídas em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal. Cada contrato tem duração de 21 meses, com jornada de quatro horas diárias – o que totaliza 20 horas semanais, ideal para quem ainda está estudando. O salário‑mínimo integral, R$ 1.518, vem acompanhado de vale‑transporte, 13º salário, férias remuneradas e depósitos regulares no FGTS.
Além disso, o programa abre a porta para um plano de previdência complementar opcional e um programa interno de atividade física, que inclui academia e aulas de ginástica laboral. Essa combinação de remuneração e cuidados com a saúde tenta garantir que o jovem não veja o contrato apenas como um “trampo” temporário, mas como um passo sólido rumo à carreira.
Sistema de cotas e inclusão social
Um dos pontos que mais chamam atenção são as cotas: 30% das vagas são reservadas para pessoas negras, indígenas e quilombolas; 20% para pessoas com deficiência (PcDs); 15% para adolescentes que foram vítimas de trabalho infantil ou de condições análogas à escravidão; e 10% para jovens em situação de acolhimento institucional ou medida socioeducativa. Essa política segue o modelo de ações afirmativas adotado por grandes corporações globais, mas aqui tem um toque local, pois a Petrobras ainda permite pontuações diferenciadas para quem vive em situação de vulnerabilidade social ou risco de exclusão.
Para quem tem deficiência, a faixa etária máxima não se aplica, o que abre espaço para jovens que, de outra forma, poderiam ficar de fora. Essa flexibilidade tem sido aplaudida por organizações de direitos humanos, que apontam que a medida ajuda a cumprir a Constituição de 1988, que garante igualdade de oportunidades.

Parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e os cursos oferecidos
A Petrobras firmou parceria estratégica com o Senai para disponibilizar 30 cursos profissionalizantes: 18 de aprendizagem básica e 12 de nível técnico. Entre os módulos de nível técnico, destaque para engenharia de processos, manutenção industrial e logística, áreas que a própria companhia considera estratégicas para sua renovação tecnológica.
Os jovens que ainda estão cursando o Ensino Médio precisam apenas apresentar comprovante de matrícula. Já os que já concluíram podem optar por módulos técnicos, que dão direito a certificado reconhecido nacionalmente pelo Ministério da Educação.
Reações de candidatos, especialistas e o mercado
"É a chance que a gente precisava para entrar no mercado de trabalho sem precisar escolher entre estudar e trabalhar", contou Ana Luiza, 19 anos, moradora de Salvador, que já está com a inscrição enviada. "Além do salário, o plano de previdência me dá a sensação de que a empresa pensa no futuro da gente".
Do lado dos especialistas, a professora de Direito do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mariana Pires, avaliou que a iniciativa "eleva o patamar das políticas de aprendizagem no país" e pode servir de modelo para outras grandes empresas, especialmente no setor de energia.
Observadores do mercado apontam que a Petrobras, ainda recuperando parte de sua credibilidade após crises de preços e questões de governança, usa esse programa como demonstração de responsabilidade social corporativa (RSC). O efeito esperado é melhorar a percepção da marca junto a investidores que dão peso a métricas ESG (ambiental, social e de governança).

Próximos passos e o que esperar
A seleção final dos candidatos deverá acontecer em duas fases: triagem documental até o fim de outubro e entrevistas presenciais ou por videoconferência em novembro. Os primeiros contratos entrarão em vigor a partir de janeiro de 2026, coincidindo com o início de novos projetos de exploração offshore que a empresa anunciou em maio.
Enquanto isso, a Petrobras pretende ampliar o programa para 1.000 vagas em 2026, caso os indicadores de retenção e desempenho sejam positivos. Se tudo correr como o planejado, a iniciativa pode gerar, nos próximos cinco anos, mais de 5 mil jovens inseridos no mercado formal, com impactos diretos na taxa de desemprego juvenil que ainda está acima de 15% no país.
Perguntas Frequentes
Como as cotas são aplicadas nas vagas?
A seleção reserva 30% das vagas para negros, indígenas e quilombolas, 20% para PcDs, 15% para jovens que sofreram trabalho infantil ou situações análogas à escravidão, e 10% para adolescentes em acolhimento institucional ou medida socioeducativa. Candidatos que se enquadram em mais de um critério podem ser priorizados de acordo com a pontuação social prevista no edital.
Quais requisitos de idade são exigidos?
Os candidatos devem ter entre 14 anos e 21 anos e 7 meses na data da inscrição (6‑10‑2025). Para pessoas com deficiência, não há limite máximo de idade, permitindo que jovens com necessidades especiais participem independentemente da faixa etária.
Como funciona a parceria com o Senai?
O Senai fornece 30 cursos – 18 de aprendizagem básica e 12 técnicos – que são realizados em centros de treinamento espalhados pelos estados participantes. Os jovens recebem certificado reconhecido pelo MEC, facilitando a inserção em outras áreas da indústria.
Qual o impacto esperado na taxa de desemprego juvenil?
Se a meta de 1.000 vagas em 2026 for alcançada, estima‑se que mais de 5 mil jovens sejam inseridos no mercado formal nos próximos cinco anos, reduzindo gradualmente o desemprego juvenil que atualmente supera 15% no Brasil.
O que acontece após o término dos 21 meses?
Ao final do contrato, os aprendizes podem ser efetivados em vagas de nível técnico ou administrativo, dependendo do desempenho e da necessidade da empresa. A Petrobras tem compromisso de priorizar a efetivação dos que concluíram os cursos técnicos oferecidos em parceria com o Senai.
Luziane Gil
outubro 6, 2025 AT 21:33Parabéns à Petrobras por abrir tantas vagas de aprendiz, isso realmente traz esperança para milhares de jovens que ainda buscam seu primeiro emprego. A inclusão de cotas para negros, indígenas, quilombolas e PcDs mostra que a empresa está levando a diversidade a sério. Além do salário‑mínimo, os benefícios como vale‑transporte e plano de previdência são um incentivo muito bem‑vindo. É ótimo ver uma grande corporação assumir um papel ativo na redução do desemprego juvenil no país.
Cristiane Couto Vasconcelos
outubro 6, 2025 AT 21:38Boa iniciativa!
Deivid E
outubro 6, 2025 AT 21:43Olha, acho que a Petrobras tá querendo aparecer mais do que realmente ajudar. Só mais um patrocínio de marketing pra melhorar a imagem, não vejo nenhum plano de longo prazo. Não sei se esses jovens vão ficar após 21 meses, parecem mais um trampo temporário.
Túlio de Melo
outubro 6, 2025 AT 21:48É interessante refletir sobre como programas de aprendizagem podem transformar não só o futuro profissional dos jovens, mas também a própria cultura corporativa. Quando empresas como a Petrobras adotam políticas de inclusão que vão além da obrigação legal, criam um ambiente onde a diversidade deixa de ser um número e passa a ser parte da identidade. Essa mudança de paradigma pode inspirar outras indústrias a repensar seus processos de recrutamento e desenvolvimento de talentos.
Jose Ángel Lima Zamora
outubro 6, 2025 AT 21:53Conforme dados do IBGE, a taxa de desemprego juvenil no Brasil supera 15%, portanto, iniciativas como esta são fundamentais para reverter essa tendência. Ademais, a inclusão de cotas específicas está em conformidade com a Lei nº 12.990/2014, que regula políticas de ação afirmativa. A parceria com o SENAI garante formação técnica reconhecida nacionalmente, aumentando a empregabilidade dos participantes.
Debora Sequino
outubro 6, 2025 AT 21:58Ah, então a Petrobras decidiu abrir 700 vagas, que coisa incrível… , não é mesmo? , parece que finalmente perceberam que incluir jovens negros e PcDs pode ser… , benéfico para a reputação, claro! , quem diria que o plano de previdência poderia ser tão “generoso”. , vamos todos aplaudir essa “revolução” corporativa… !
Benjamin Ferreira
outubro 6, 2025 AT 22:03De fato, a iniciativa da Petrobras pode ser vista como um movimento estratégico que alia responsabilidade social e vantajosas oportunidades de aprendizado. Contudo, é essencial que haja acompanhamento efetivo dos indicadores de retenção para que os jovens realmente se beneficiem a longo prazo.
Marco Antonio Andrade
outubro 6, 2025 AT 22:08Caramba, que bomba de oportunidade! 🚀💥 Sete estados diferentes, cursos do Senai, vale‑transporte, e ainda aquele plano de saúde que deixa a gente de boa. Eu tô aqui imaginando o futuro desses jovens, crescendo na empresa, aprendendo tudo de engenharia de processos e logística. É como se a Petrobras estivesse jogando um trampolim gigante pra gente dar aquele salto gigante na carreira! ✨
Ryane Santos
outubro 6, 2025 AT 22:13A proposta da Petrobras, ao oferecer 700 vagas para aprendizes, está dentro de um contexto macroeconômico em que o Brasil ainda luta com altas taxas de desemprego juvenil, que se mantêm acima de 15% segundo dados atualizados do IBGE. Ao implementar cotas para grupos historicamente marginalizados, como negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência, a empresa não só cumpre requisitos legais, mas também se alinha a práticas de responsabilidade social corporativa observadas em multinacionais globais.
Os benefícios descritos – salário‑mínimo completo, vale‑transporte, 13º salário, férias remuneradas e FGTS – constituem um pacote competitivo frente ao mercado de trabalho informal que ainda predomina em muitas regiões.
Ademais, a parceria com o SENAI assegura que os aprendizes recebam formação técnica reconhecida pelo Ministério da Educação, aumentando sua empregabilidade futura.
Entretanto, é crucial monitorar a efetividade de tais programas; a taxa de retenção pós‑contrato pode servir de métrica chave para avaliar se o investimento está gerando capital humano qualificado ou apenas rotatividade temporária.
Do ponto de vista da governança corporativa, a iniciativa pode melhorar a percepção de investidores que priorizam métricas ESG, reforçando a imagem da Petrobras após episódios recentes de crise de governança.
Vale ainda considerar que a flexibilidade etária para PcDs pode criar oportunidades inclusivas, mas também exige adaptações de infraestrutura e suporte adequado dentro da empresa.
Em resumo, a estratégia de aprendizagem da Petrobras tem potencial de reduzir o déficit de jovens qualificados no mercado, ao mesmo tempo em que fortalece a reputação institucional, desde que haja acompanhamento sistemático dos resultados e ajustes conforme necessário.
Lucas da Silva Mota
outubro 6, 2025 AT 22:18Então, abrir 700 vagas parece ser mais um truque de marketing que nada tem a ver com mudança real…
Ana Lavínia
outubro 6, 2025 AT 22:23Na verdade, a iniciativa é bem estruturada, oferece benefícios claros, e ainda tem apoio do Senai – isso tudo demonstra um compromisso sério com a formação e a inclusão!.