
Um palco de NBA transformado em arena de tênis, um elenco de estrelas e um brasileiro de 18 anos em sua primeira vez no torneio. A Laver Cup 2025 começa nesta sexta (19) no Chase Center, em San Francisco, e coloca João Fonseca, número 44 do ranking, frente a frente com alguns dos nomes mais quentes do circuito. O torneio, que virou sinônimo de espetáculo e rivalidade saudável, volta a reunir Europa x Resto do Mundo por três dias de partidas com valor de ponto crescente — fórmula que mantém a disputa viva até o último set.
João Fonseca em foco e elencos estrelados
Para o Brasil, a notícia é direta: João Fonseca estreia na Laver Cup defendendo o Team World. O carioca de 18 anos, que nos últimos meses encostou no top 50 e ganhou espaço no circuito com vitórias contra jogadores estabelecidos, chega como aposta para somar intensidade em simples e dobrar opções nas duplas. Em um evento que valoriza energia de equipe e ajustes táticos no banco, o estilo agressivo e a confiança do jovem podem pesar.
O time comandado por Andre Agassi tem cara de velocidade e versatilidade. O Team World vem com Taylor Fritz (nº 4), Alex de Minaur (nº 8), Francisco Cerúndolo (nº 19), Alex Michelsen (nº 32), Reilly Opelka (nº 67) e Fonseca (nº 44). Agassi terá ao lado o vice-capitão Pat Rafter, mistura de leitura tática e experiência em quadras rápidas.
Do outro lado, a Europa traz um grupo que combina potência e regularidade: Carlos Alcaraz (nº 2), Alexander Zverev (nº 3), Holger Rune (nº 11), Casper Ruud (nº 12), Jakub Menšík (nº 16) e Flavio Cobolli (nº 26). A equipe é capitaneada por Yannick Noah, com Tim Henman como vice. Alcaraz e Zverev lideram a hierarquia e, se necessário, são cartas para os jogos de domingo, quando cada vitória vale três pontos e pode decidir tudo.
A Laver Cup obriga cada tenista a jogar ao menos uma partida de simples nos dois primeiros dias e exige que quatro dos seis jogadores entrem nas duplas. Isso força rotação, pareamentos inéditos e leitura fina de matchups. Não é raro ver rivais de tour dividindo o mesmo lado da quadra pela primeira vez, com capitães trocando o plano no tempo técnico. A dinâmica de banco — com conversas entre pontos e ajustes em tempo real — é parte do charme e já rendeu viradas marcantes em anos anteriores.

Formato que acelera a tensão e um palco inédito na Costa Oeste
O formato continua igual: sexta vale 1 ponto por vitória, sábado 2 e domingo 3. O primeiro time a somar 13 pontos leva o troféu. Na prática, ninguém abre vantagem confortável cedo; a matemática mantém o suspense. A organização divide a disputa em cinco sessões: sexta (dia e noite), sábado (dia e noite) e domingo (sessão única), com a quadra preta característica e a produção de luz e som que virou assinatura do evento.
É a primeira vez que a competição chega à Costa Oeste dos EUA. O Chase Center — casa do Golden State Warriors e, a partir de 2025, do Golden State Valkyries — foi adaptado para receber o piso rápido e a estrutura de TV, além de áreas de aquecimento e espaços para interação com o público. A escolha de San Francisco reforça a ambição global da Laver Cup e amplia o alcance do torneio em um mercado estratégico para patrocinadores e audiência.
Nos bastidores, o torneio segue atraindo capital e nomes de peso. Roger Federer, um dos idealizadores do projeto, e o empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann figuram como parceiros da competição, o que ajuda a sustentar o padrão de organização e a imagem premium do evento. Desde 2017, a Laver Cup construiu uma identidade própria, unindo espetáculo e competitividade, e virou data fixa no calendário dos fãs.
Historicamente, a Europa começou dominante. O Team World quebrou a sequência em 2022 e embalou de vez em 2023, provando que a balança pode pender para qualquer lado quando os capitães acertam nos encaixes. Em 2025, com Alcaraz e Zverev de um lado e Fritz e De Minaur do outro, a tendência é de confrontos longos, sets curtos decididos no detalhe e duplas montadas sob medida para domingo.
Para João Fonseca, a estreia vale mais do que experiência. É vitrine em horário nobre, ao lado de campeões e diante de uma plateia acostumada a ver decisões da NBA. O brasileiro chega com ritmo e tem perfil para incomodar: devolução agressiva, forehand pesado e disposição para encurtar pontos quando a pressão aumenta. Se confirmar presença nas duplas, pode aproveitar a altura de Opelka para formar uma combinação de saque e primeira bola difícil de quebrar.
Agassi e Noah terão trabalho para mapear cruzamentos, especialmente no sábado, quando vitórias começam a valer em dobro. Entre as decisões estratégicas esperadas estão: segurar titulares para domingo ou garantir gordura no sábado; poupar quem joga simples para a sessão noturna de duplas; e explorar matchups específicos — por exemplo, usar um sacador puro ao lado de um returner rápido para travar tie-breaks.
- Quando e onde: 19 a 21 de setembro de 2025, Chase Center (San Francisco)
- Formato: sexta (1 ponto), sábado (2), domingo (3); vence quem chegar a 13
- Capitães: Andre Agassi (Team World) e Yannick Noah (Team Europe)
- Elencos: World — Fritz, De Minaur, Cerúndolo, Michelsen, Opelka, Fonseca; Europe — Alcaraz, Zverev, Rune, Ruud, Menšík, Cobolli
- Sessões: duas na sexta, duas no sábado, uma no domingo
Na soma, a Laver Cup volta a entregar aquilo que a tornou um sucesso: clima de seleção em um esporte individual, parcerias improváveis e um roteiro que empurra a decisão para o último dia. Para o torcedor brasileiro, há um ingrediente a mais: ver João Fonseca, aos 18, encaixar seu tênis em um palco que conversa com o futuro do circuito. Em San Francisco, é estreia com responsabilidade — e com a oportunidade de virar protagonista.