
Hernán Crespo: Entre Dois Amores no Mundial
Tem gente que sofre com a escolha entre pizza ou hambúrguer, mas Hernán Crespo enfrenta um dilema muito mais complicado: qual camisa defender de coração quando Inter de Milão e River Plate se enfrentam no Mundial de Clubes? Para muitos torcedores, esse é só mais um grande jogo na temporada. Para Crespo, agora técnico do São Paulo, é quase um teste para os nervos — sua história mistura a trajetória de ambos os times de forma bem única.
No início dos anos 90, o River Plate revelou para o mundo aquele atacante de presença de área que resolveria jogos decisivos. Crespo conquistou a América em 1996 após liderar o River na campanha da Libertadores. Mas, quando pintou a chance de jogar na Europa, um novo enredo começou. Logo em sua primeira transferência, ele foi parar no Parma e deixou de disputar justamente a final Intercontinental com o clube argentino naquele ano — um momento de que ele ainda sente falta toda vez que vê o River brigando por títulos globais.
A carreira internacional de Crespo deu um giro importante em 2002. Enquanto Real Madrid e Inter de Milão disputavam sua assinatura para substituir o lendário Ronaldo, Crespo escolheu o projeto dos nerazzurri. Entrou para uma tremenda linhagem argentina na Inter, que já tinha nomes de peso como Gabriel Batistuta e mais tarde abrigaria Cambiasso, Samuel e Milito, todos fundamentais na onda de títulos do clube italiano. Não faltam histórias de argentinos deixando saudade em Milão, e nesse meio está a imagem de Crespo, tanto como referência quanto como elo afetivo entre Itália e Argentina.

Tradição Argentina e Desafios Atuais
O jogo do Mundial de Clubes carrega muito mais que a rivalidade Europa-América do Sul. Para River Plate, venha com atenção: o time está obrigado a mexer bastante na escalação. Três volantes — Kevin Castano, Enzo Pérez e Giuliano Galoppo — estão suspensos. Para o técnico Marcelo Gallardo, é hora de apresentar criatividade, porque mexer em um setor tão sensível pode pesar.
Mesmo desfalcado, o River aposta na força atrás. Com apenas 10 gols sofridos em 18 partidas do campeonato nacional, a defesa é o alicerce da equipe. O desafio? Manter a consistência contra um adversário que adora castigar qualquer vacilo.
Do outro lado, a Inter de Milão mantém aberta essa ponte argentina, agora representada por Valentín Carboni. O meia-ofensivo, de só 18 anos, já comemorou gol no Mundial e mostra o mesmo sangue frio dos compatriotas que fizeram história em Milão. O mesmo padrão pode ser visto no River: Franco Mastantuono, tratado como o grande craque surgindo em Buenos Aires, já desperta olhares até da Europa mesmo sem sair da base.
Essa tradição argentina é o tempero especial do duelo — e Hernán Crespo é a cara disso, tanto pela história nos gramados quanto pela presença nos bastidores. Ele sabe como poucos o valor sentimental e simbólico desse tipo de embate, já que viveu, vestiu e deixou legado nas duas camisas. Para o torcedor comum, é uma noite de futebol de alto nível. Para Crespo, é a lembrança de dois mundos que definiram sua identidade no esporte.