
Um terremoto de magnitude 7,5 abalou o Pasaje de Drake na noite de 21 de agosto, despertando alertas de tsunami tanto nas costas do Chile quanto na base antártica chilena.
O epicentro foi localizado a 258 km ao nordeste da Base Presidente Eduardo Frei Montalva, na ilha Rey Jorge, a apenas 10 km de profundidade, segundo o Centro Sismológico de Chile.
Imediatamente, o Servicio Hidrográfico y Oceanográfico de la Armada de Chile (SHOA) declarou estado de precaução e o Servicio Nacional de Prevención y Respuesta ante Desastres (SENAPRED) requisitou a evacuação das áreas costeiras das bases Prat e O'Higgins.
Contexto sísmico da região do Drake Passage
A passagem de Drake, estreito entre a Patagônia e a Antártida, é uma das zonas de convergência tectônica mais ativas do planeta. As placas Scotia e Antártica colidem a uma taxa de cerca de 6 cm por ano, gerando frequentes tremores que, embora geralmente de baixa magnitude, podem se transformar em eventos devastadores quando a energia se liberta num ponto fraco da falha.
Nos últimos 30 anos, foram registrados 12 sismos acima de magnitude 6,0 na região, com epicentros distribuídos entre 200 km a 350 km das bases de pesquisa chilenas. O último grande movimento antes de agosto foi o de 2 maio de 2025, magnitude 7,4, que também atingiu a profundidade de 10 km e causou ondas de até 0,3 m nas costas de Puerto Williams.
Detalhes do terremoto de 21 de agosto de 2025
O sismo ocorreu às 22:16 hora local (02:16 GMT) e foi inicialmente registrado pelo United States Geological Survey (USGS) com magnitude 8,0. Uma revisão posterior, feita com base em dados de mais de 30 estações sísmicas, baixou o número para 7,5, já que a energia liberada foi distribuída em múltiplas frentes de ruptura.
Segundo o Servicio Hidrográfico y Oceanográfico de la Armada de Chile (SHOA), o tremor foi sentido com intensidade VI na cidade de Punta Arenas e com intensidade V nas ilhas da Antártida. A profundidade rasa de 10 km aumentou o risco de geração de tsunami, motivo pelo qual as autoridades acionaram o sistema de alerta imediatamente.
O USGS divulgou que a energia liberada equivalia a aproximadamente 2,1 × 10¹⁹ joules, o que corresponde a cerca de 5 milhões de toneladas de TNT. Esse valor está entre os maiores já registrados no extremo sul da América do Sul.
Reações das autoridades chilenas
Às 22:30, o SHOA publicou um comunicado oficial declarando “Estado de Precaución” para o território antártico chileno e solicitando que todo o pessoal nas bases Prat e O'Higgins se recolhesse às áreas de abrigo designadas.
O SENAPRED utilizou seu canal no Twitter (@Senapred) para divulgar a mensagem: “SHOA ha establecido Estado de Precaución para el territorio antártico. En atención a lo anterior, SENAPRED solicita abandonar zona de playa en territorio antártico”. A publicação gerou mais de 4 mil retweets e foi acompanhada por um alerta no aplicativo SAE (Sistema de Alerta de Emergência).
Por volta das 23:45, após analisar as medições das bóias oceânicas, o SHOA concluiu que o tsunami potencial seria inferior a 0,2 m, insuficiente para causar danos. Assim, às 02:10 do dia 22 de agosto, o alerta de tsunami foi cancelado e o “Estado de Precaución” revogado.
Impactos nas bases antárticas e na Região de Magallanes
Felizmente, nenhuma das instalações da Base Presidente Eduardo Frei Montalva, nem das bases Prat e O'Higgins, registrou danos estruturais. As equipes de pesquisa relataram apenas vibrações fortes, comparáveis a “um ônibus passando ao lado” da estação.
Na Região de Magallanes, o sismo foi sentido em Punta Arenas, onde moradores relataram luzes piscando e portas batendo. Não houve feridos, mas 12 casas sofreram pequenas fissuras nas paredes, que foram avaliadas pelo Corpo de Bombeiros da região.
O número de pessoal presente nas bases antárticas naquele momento era de 127 cientistas e militares, dos quais 35 foram evacuados para áreas internas como medida de precaução. Todos retornaram às suas áreas de trabalho após a revogação do alerta, sem necessidade de assistência médica.
Lições e perspectivas para o monitoramento sísmico
Os eventos de 2025 reforçaram a importância dos sistemas de vigilância sísmica instalados nas bases da Antártida. O Chile, em conjunto com o Programa Antártico Chileno, instalou recentemente três novos sensores de alta sensibilidade na ilha Rei Jorge, capazes de detectar tremores a partir de magnitude 3,0.
Especialistas da Universidade de Concepción, representados pelo professor Dr. Carlos Méndez, afirmam que “a rapidez na comunicação entre o SHOA, o USGS e as bases de pesquisa demonstra que a cooperação internacional está evoluindo para o modelo de resposta em tempo real”.
Além disso, a experiência prática com o alerta de tsunami permite aprimorar os protocolos de evacuação. O próximo passo, segundo o próprio SHOA, é integrar drones de medição de elevação de ondas nas áreas costeiras das bases, reduzindo ainda mais o tempo de reação a futuros eventos.
- Magnitude: 7,5 (revisado)
- Profundidade: 10 km
- Epicentro: 258 km NE da Base Presidente Eduardo Frei Montalva
- Alerta de tsunami: emitido às 22:30, cancelado às 02:10
- Sem danos materiais reportados nas bases antárticas
Perguntas Frequentes
Como o terremoto de 21 de agosto afetou as bases científicas na Antártida?
Nenhuma das bases sofreu danos estruturais. 127 pessoas estavam em campo; 35 foram evacuadas temporariamente, mas retornaram ao trabalho após a revogação do alerta de tsunami.
Por que a magnitude foi revisada de 8,0 para 7,5?
A revisão decorreu da análise conjunta de mais de 30 estações sísmicas que mostraram que a energia estava distribuída em múltiplas frentes de ruptura, reduzindo o valor final.
Quais foram as principais medidas tomadas pelo SHOA e SENAPRED?
Emitiram estado de precaução, acionaram o Sistema de Alerta de Emergência (SAE), solicitaram a evacuação das áreas costeiras das bases Prat e O’Higgins e monitoraram as bóias oceânicas para validar o risco de tsunami.
Qual a relação entre as placas Scotia e Antártica e esses sismos?
A convergência entre as placas gera compressão e ruptura ao longo da falha do Pasaje de Drake, sendo responsável pelos sismos de magnitudes superiores a 7,0 que ocorrem nesta região.
O que muda no monitoramento sísmico após esse evento?
São instalados novos sensores de alta sensibilidade na ilha Rey Jorge e planejado o uso de drones para medir elevações de ondas, aumentando a rapidez e a precisão das respostas a futuros terremotos.
Bárbara Dias
outubro 12, 2025 AT 04:07É evidente, sem grande dificuldade, que o Pasaje de Drake se mostra um palco de magnitude sísmica incomum; os números aqui apresentados revelam a complexidade tectônica que poucos realmente compreendem.